domingo, 18 de outubro de 2015

"Não Contes Nada", de Lisa Scottoline

É um thriller empolgante! Leva os leitores a conseguirem pôr-se no lugar daquele pai que, por querer ser o porreiro, acabou por colocar o filho numa situação muito complicada: chamar a polícia e dar-se a si próprio como culpado, correndo o risco de levar os polícias a efectuarem testes para despiste de drogas ao seu filho, que tomou o comando do carro, deixar o filho arcar com as consequências, que seriam devastadoras para o seu futuro, ou fugir do local do embate, deixando assim um corpo sem auxílio merecido. Decisões... decisões...
    Apesar de ter um final que nos deixa a pensar para nós próprios "Bem, que sorte!", ou até mesmo, como me aconteceu a mim, tentar perceber a colocação do corpo na estrada, para ter deixado a marca que deixou no carro, estando este já cadáver, consegue tirar-nos a respiração no desenrolar das cenas.

"A Defesa", de Steve Cavanagh

Devo confessar que não esperava que se revelasse um livro tão pouco interessante. A dança que existe durante um julgamento com júri tem tudo para se mostrar eletrizante, ataque aqui, silêncio acolá, subestimação aqui, riposta de acolá. Até o facto do personagem principal ter de carregar consigo uma bomba, sendo vítima de chantagem da máfia russa faria antever um livro bastante intenso, mas os problemas começam com as várias cenas à "Missão Impossível"... Convenhamos que, saltar por uma janela, no meio de um tiroteio, onde é o alvo a abater, e acabar por aterrar em cima de um andaime de restauro exterior do edifício deixa aquela sensação de "secalhar já é demais", entre outras situações de ridícula sorte! No respeitante ao que teve lugar entre o enredo do, e no, julgamento, foi perfeito, já ao resto, deixou um pouco a desejar.

"Um, Dó, Li, Tá", de M. J. Arlidge

    Tal como li algures, um thriller muito ao jeito da saga cinematográfica de "Saw", e como tal, capaz de provocar arrepios e fazer pensar duas vezes antes de nos aventurarmos na escuridão, após a sua leitura, mas que consegue ter vida própria graças ao desenvolvimento temático próprio.
    Este é um livro que toca no nosso instinto mais básico - a sobrevivência, e apesar de todas as personagens passarem por um período de negação do destino inicialmente, é certo que todas querem o mesmo, e acabam por agir de forma a preservar a vida, própria ou de outrem. A estes pares é lhes colocado um dilema, que de certo deixa os leitores a pensar em qual seria a sua própria decisão. Temos acesso a várias personagens que se recusam a tomar uma decisão, mas acabam por matar o seu parceiro de cativeiro ao se sentirem "traídos" por este ter tomado uma decisão favorável à sua própria sobrevivência, dando voz ao egoísmo humano. Será que o podemos mesmo catalogar como "egoísmo"? E a meu ver, até o cinismo está presente. Então, "eu não te quero matar, mas alto, que se vens para me matar tenho toda a legitimidade de te dar um tiro" (quando o tiro acerta no seu alvo... há quem seja demasiado azarado).
    Num final, a meu ver, esperado, não tirando de todo a espetacularidade da escrita de Arlidge, julgo que os leitores ficam saciados, não só com o desfeixo da trama, mas também com a promessa de continuidade da saga. Mal posso esperar pela oportunidade de ler "À Morte Ninguém Escapa"!